PENICHE (Portugal), 2 Out — A humilde sardinha, presente nas festas de rua que acontecem em Portugal no verão, é responsável por dois terços da captura do país e criou uma importante indústria conserveira.
“Onde há sardinhas, há pessoas, cerveja, amigos e sentido de comunidade. As sardinhas unem as pessoas”, disse à AFP Gonçalo Ortega, de 27 anos, num festival de rua da sardinha em Lisboa neste verão.
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Quase todas as cidades e aldeias têm os seus próprios festivais de verão, danças ao ar livre e, claro, o cheiro das sardinhas grelhadas nos churrascos ao ar livre.
“A sardinha é um dos peixes mais abundantes ao longo e abaixo da costa portuguesa. É uma parte muito importante da alimentação da população, não só nas aldeias piscatórias, mas também nos grandes centros urbanos”, explicou o economista Álvaro Garrido. História da indústria pesqueira.
“Nesse sentido, a pesca da sardinha é socialmente mais importante do que o icónico sapal de Portugal”, afirmou.
Os portugueses comem mais peixe do que qualquer outro país dos 27 membros da União Europeia. Grande parte do peixe é importado, especialmente o bacalhau salgado, tão proeminente na cozinha tradicional do país, mas na verdade são pescados mais águas do norte.
“Portugal tem um défice comercial crónico de produtos pesqueiros devido às importações de bacalhau. Isso é parcialmente compensado pelas exportações de sardinha em lata”, disse Garrido.
“A pesca da sardinha é especial porque é uma tradição. Todo mundo adora sardinha, principalmente as de boa qualidade”, disse Agonia Torao, capitã de um barco pesqueiro no porto de Beniche, no centro de Portugal.
“É possível encontrar um grande número de sardinhas nas nossas costas. É por isso que as pescamos”, disse à AFP o homem de 51 anos.
Apesar da sua importância histórica e do lugar de destaque no imaginário português, a indústria pesqueira está em declínio.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, Portugal tinha 14 mil pescadores em 7.600 barcos no ano passado, um terço menos do que há 20 anos. -AFP